domingo, abril 24, 2005

É preciso reinventar as palavras

Por vezes, a palavra-poema lança sobre a amargura dos dias o bâlsamo da brisa necessária:



Hoje lembrei-me de ti


E o poema como o germinar do trigo
Brotou do caos húmido e escuro da mente

Primeiro um impulso quase imperceptível
Depois mais forte mais convicto
Por fim já tensão de músculos e gestos
A extravasarem-se em sons

Rolaram sons na minha cabeça na busca inquieta e dorida
Da forma pura

Que ânsia de cruzar sons e versos
Com o impulso de te agarrar nos braços
E pôr nas rimas fugidias os beijos certeiros
De palavras quentes

Mas a sombra negra do vazio
Ameaça como uma mancha de tinta negra
Os versos esculpidos
A golpes de emoção contida
E tolhida de esgares
Que vêem no poema
O sopro interdito do desejo.

Manuel Guimarães

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