segunda-feira, outubro 23, 2006

10.000 visitas

Quando iniciei este blog, pensei que isso seria uma brincadeira inconsequente. Alguns dias depois, quem sabe meses, seria o fim. No entanto tal não aconteceu.
Para trás há já um relativamente longo percurso, a que penso dar continuidade, até que este hábito de aqui deixar a quem me visitar, os meus pensamentos, a minha maneira de ver as coisas, a minha maneira de ser.
A todos quantos por cá passaram fica uma palavra amiga: voltem sempre que possam, retribuirei se possível.

E porque já há uns tempos anda afastado, o meu amigo Manuel Guimarães decidiu voltar. Ultrapassou a inércia e, soltando-se das apoquentações mesquinhas da vida, decidiu-se por nos deixar este poema:


Atrás do biombo


Esvoaça o azul-névoa
Da seda do biombo
E em suaves reflexos
Duma luz filtrada
A doçura dum corpo
De mulher ninfa
E serpente
Se insinua se desenha

Se tocasse de leve
A lisura da seda
E quisesse passar
para além do biombo
A imagem suave da ninfa
Se esvaneceria

Assim, deste lado
Continuo à espera
de lampejos mais nítidos
da sua presença.

Manuel Guimarães

Recantos da cidade de Guimarães - Candidata a capital europeia da cultura




Guimarães cresceu à sombra do seu altaneiro castelo.





Os homens fizeram as casas, as praças, organizaram a sua cidade.




A nobreza emprestou-lhe um timbre senhorial e aristocrático.








O povo encheu os seus becos e tabernas.




Hoje Guimarães é testemunha dum velho Portugal, que não morrerá nunca! Este país é filho do tempo, desta terra verde e das gentes que dela brotaram.






Ser português é também amar esta cidade.














sexta-feira, outubro 06, 2006

Num momento de abatimento, com a auto-estima em baixo, com a sensação amarga de ser tapete gasto, à espera de o atrirarem para o lixo, ocorreram-me estes versos de ALVARO DE CAMPOS:

«Abram-me todas as portas!
Por força que hei de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há-de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas essas emoções!
Daqui pra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs,
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida.
O espírito que dá a vida neste momento sou EU! »
(Alvaro de Campos, Saudação a Walt Whitman).