Subiu à rocha alcantilada
altar de sacrifícios lustrais
depois envergou a túnica de alvo linho
olhou no âmago de si
buscou a chave do seu enigma.
Voltado a nascente
convocou a luz quente dos astros
escutou o pulsar fértil da terra
brandiu o ceptro rutilante e mágico
e entoou os hinos do grande Início.
À sua frente jorraram fontes
brotaram folhas nos troncos nus
latejou o sangue de bichos esquivos
pássaros desvairados cruzaram o vasto céu.
Longe da cinza dos muros
ouviu-se a si na sua voz órfica.
Então cantou o esplendor da luz
a força densa da terra
o vibrar da vida
E tudo fixou nas variações do verbo.