segunda-feira, março 26, 2007

Saudação à primavera



Subiu à rocha alcantilada
altar de sacrifícios lustrais
depois envergou a túnica de alvo linho
olhou no âmago de si
buscou a chave do seu enigma.
Voltado a nascente
convocou a luz quente dos astros
escutou o pulsar fértil da terra
brandiu o ceptro rutilante e mágico
e entoou os hinos do grande Início.
À sua frente jorraram fontes
brotaram folhas nos troncos nus
latejou o sangue de bichos esquivos
pássaros desvairados cruzaram o vasto céu.
Longe da cinza dos muros
ouviu-se a si na sua voz órfica.
Então cantou o esplendor da luz
a força densa da terra
o vibrar da vida
E tudo fixou nas variações do verbo.

quinta-feira, março 01, 2007

História de mulas e camelos

Os políticos servem-se e poderão também servir para alguma coisa.
Por vezes, no lodaçal, desabrocha uma flor. Seria bem interessante que mais flores por lá (o seu viveiro predilecto - o parlamento) se vissem, e não tantas «florzinhas»...
Mas a flor que ontem despontou é de um perfume raro, tresanda a conselheiro Acácio e outros espécimes.
E se a propósito de dramas sociais e humanos, como o do «desemprego», fôssemos mimados com chalaças de «mulas» e «camelos»?
Pois foi mesmo isso que aconteceu, ontem. O Chico do BE interpelou o Zé-Primeiro acerca dos números do desemprego em Portugal; e com a graça que o caracteriza aquele comparou o raciocínio do Zé-Primeiro com a imagem do camelo, dizendo que porque houve duas bossas (momentos altos de desemprego) e uma baixa, isso não fazia com que o camelo se tornasse, por cálculo de média, numa mula.
Como, sabemos estamos entregues aos bichos, com ou sem bossas.