ACTO SOLENE
Foi apenas um acto breve
Mas para além do gesto burocrático
que punha um nome no fim da catrástrofe
Ecoava estridente
a voz ensanguentada
o corpo mutilado
o rosto desfigurado
da Humanidade
E foram sem número
os que ficaram para trás
imolados à fúria cega
de paixões absurdas e malditas.
-Que sentiste velho soldado,
quando diante da folha branca
de caneta em riste
tiveste de irromper
contra esse teu maior inimigo
que te espreitava como um remorso?
Nesse momento
não tiveste o toque do clarim
nem o sabre do general
nem o estandarte maldito
a empurrar-te para a frente
Nem os hinos entoados pelas ruas
empolgando o povo para
a épica horrenda.
Nesse dia estavas apenas tu,
carregando com o crime dum povo humilhado
e dum deus caído em desgraça.
M. Guimarães (2005)
6 comentários:
Obrigada pela tua visita ao meu blog e pelas palavras deixadas. As minhas palavras são simples palavras.
Trouxeste-me até ao teu espaço e deambulei um pouco pelos teus poemas, pensamentos, crónicas. E fui conhecer o teu outro espaço, o qual espero que não o tenhas interrompido.
A tua poesia é sim, de uma sensibilidade e qualidade extraordinárias. :)
Voltarei mais vezes, e se me dás licença colocarei um link no meu blog, para mais facilmente te encontrar. :)
Obrigado ANJO, por teres acedido ao convite.
E que bom apreciares algumas palavras poéticas do meu irmão gémeo.
Volta sempre
O horror ainda continua por aí fora. E não há como terminá-lo.
Beijinho grande *
Para isso urge tomar a utopia nas mãos.Para isso existem os filósofos e os poetas...
Essa é a vergonha que uma parte da humanidade vai carregar até ao fim dos tempo. Beijinho para ti
Adryka, teremos de lembrar a vergonha sempre, até que não caiamos na tentação de a repetirmos.
Um abraço.
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