segunda-feira, maio 02, 2005

Camões na ponta da língua

Não resisti à tentação de transcrever uma passagem da revista Magazine Domingo, do Correio da Manhã. Isto porque, sendo eu professor de Língua Potuguesa debato-me todos os dias com a resistência dos meus alunos à leitura. Por isso, aos bons exemplos devo dar-lhes a ênfase necessária.


«Lilian partiu há quatro anos da Moldávia para Portugal sem saber uma única palavra de português. Hoje, é o melhor aluno da turma.

Na sala 13 da Escola EB.2.3. Ferreira de Castro, em Mem Martins, a professora Guiomar Palmeiro prepara o exame final de Português. Na aula de hoje, a turma do 9º F revê alguns cantos d’Os Lusíadas. “Quem é que quer ler?”, pergunta a páginas tantas. Entre os braços que rapidamente rumam ao céu, e se misturam com as estrelas, planetas e cometas que decoram as paredes, avista-se o de uma figura esguia. Responde pelo nome de Lilian, tem 15 anos e é moldavo.Lilian Sandu prontifica-se a ler duas estrofes do Plano da História de Portugal. Sentado junto a uma das janelas, o aluno declama-as como um verdadeiro poeta. Parece que devora as palavras, sem nunca tropeçar nas vogais muito menos nas consoantes. A sua pronúncia é perfeita. Mas não é só a forma como recita o diálogo de Vasco da Gama com o Rei de Meireles que chama a atenção. O jovem destaca-se pela participação activa que demonstra ao longo da hora e meia de aula. Ora responde às questões colocadas pela professora, ora esclarece as dúvidas que traz de casa devidamente anotadas no caderno escolar. Não admira que esteja entre os melhores alunos da escola. Admira sim o facto de Lilian ser o melhor aluno a português quando é o único que não tem sangue lusitano. »
Sérgio Lemos, in Magazine Domingo , Correio da Manhã,2005/05/01

1 comentário:

Anónimo disse...

Keep up the good work
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