sexta-feira, março 11, 2005

Arranja-me um emprego

Arrebatei este pedaço de prosa do Barnabé, sobre a produção artística de Sérgio Godinho:

Arranja-me Um Emprego
Se meto os pés para dentro /a partir de agora /eu meto-os para fora /se dizia o que penso /eu posso estar atento /e pensar para dentro /se queres que seja duro /muito bem eu serei duro /se queres que seja doce /serei doce, ai isso juro /eu quero é ser o tal /e como tal reconhecido /e assim digo-te ao ouvido /arranja-me um emprego.
São pessoas que, para se integrar na sociedade dos anos 80, na guerra pelo emprego e na ascensão social a todo o custo, vão deixando os escrúpulos para trás. Tem muito que ver com aquilo a que se chamaram os yuppies e, nos anos 90, no sentido também político, os boys. Em troca de um emprego, de um lugar, um tipo esquece que já foi esquerdista: «se mandasse neles/os teus trabalhadores seriam uns amores/Greves só das seis e meia às sete/e em frente ao casse-tête». Gente disposta a tudo.

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