terça-feira, março 29, 2005
Treinadores de bancada
Não sou economista, mas isto de salvar a situação baixando os salários, faz-me lembrar a velha estória que meu pai conta: a do burrinho que comia de mais. O dono começou a tirar-lhe à ração, até que um dia, já com excesso de poupança, o burrinho morreu. Nesse momento, o dono do burro acordou para a imensa burrice que cometera, apesar de ter poupado na despesa. Talvez isso venha acontecer com a Administração Pública. Façam lá isso: emagreçam o burro e depois não se queixem que ele está em baixo, não faz nada e entra em colapso.
Tempus agri laboris
CRIAR Gesto simples do cavador Que no ventre da terra rasgada em flor lança anelante a semente do amor. |
Manuel Guimarães (2004)
domingo, março 27, 2005
A origem das diferenças

Colhi este link para um desenho animado com muita graça no blog Jumento. Fico devendo esta ao Roncinante. |
sexta-feira, março 25, 2005
No revolver da memória
Manhã. Os sinos desatam num trinado alegre. estralejam foguetes. É o compasso que vai a sair da igreja. Entram em nossa casa: - Aleluia, Aleluia... Ouvem-se os foguetes. Vem o vinho cor de púrpura com uma rosa de espuma dançando no centro da malga e o gás saltitando em bolhinhas. - Bebam, não façam cerimónias. Tirem pão leve («pão de ló»), não façam como da outra vez. O seminarista chega uma malga levemente aos lábios e diz: - Está de bebê-lo, mas temos de ir. A volta é muito grande. - Boa Páscoa. Aleluia, aleluia. E lá partiram, levando o que a mesa apresentava . E as moças dos açafates de verga, palmilhavam o caminho atapetado de folhas de hera e flores com mais uns quilos de arroz e acúcar. |
segunda-feira, março 21, 2005
Veio a chuva
Como que a ansiar uma trégua nas hostilidades entre os jornalistas e os políticos, ansiando por uma «pax socratica», o desejo de Sousa Tavares cumpriu-se: «O que eu queria mesmo agora é que chovesse sobre nós. Uma chuva densa, constante, dias a fio. Uma chuva que tudo lavasse, que devolvesse a esperança onde só há desilusão, que reanimasse todas as coisas verdadeiramente importantes. Uma chuva refundadora.Miguel Sousa Tavares - PÚBLICO ». |
Cantiga mirandesa
É duma simplicidade extrema e duma candura lírica impressionante os cantares que a alma pura das gentes da terra mantêm: Mira-me Miguel Como estou bonitinha Saia de burel Camisinha de stopinha Ela: Tenlgo tres meninos Nu tengo que le dar Põnlgo-m'a cantar(i) A ansiná-los a bailar(i) Ele: Tenljo tres õubelhas Mais uma cordeira Quiero-me casar I nu acho quié me queira! Ela: Bêila Pedro, bêila! Ele: Senhora quiero pá! Ela: Bêila mais u pouco Que lhoulgo fel dará Ele: Bamos a la cama! Ela: Bamos a drumir(i) Ele: yõu lhievo Ia manta Ela: yõu llúevo 1 Candil Ambos: Bi benir Ia Igaita il guêrteiro nõn Oh que pena tenlgo No mil coracõn |
«Esta canção popular e bailado pastoril, recolhido por António Maria Mourinho na freguesia de Duas Igrejas - Miranda - e transcrito no livro Coreografia popular Transmontana, de António Maria Mourinho e J. R. dos Santos Júnior, permanece viva nas Terras de Miranda.»
Uma nova forma de falar política
Hoje, no pouco que vi e ouvi no debate sobre o programa do governo fiquei impressionado positivamente. Como disse o Carlos Magno, há que os jornalistas e economistas deixarem de falar em politiquês e tornem o seu discurso compreensível para o povo que não tem pretensões de ser especialista, claro, a não ser no trabalho. Mas temo dos lóbis: eles aí estão! Agora são os senhores da Justiça (cega e surda para as injustiças...todos conhecemos casos concretos em que a justiça foi feita mais a torto que a direito) que se sentem afrontados nos seus corporativos privilégios. Já agora, por que não gozamos todos de três meses de férias, deixamos acumular o trabalho, mandamos tudo para outra banda??? |
quarta-feira, março 16, 2005
Nasce poema
Tropeçando aqui e ali
Soltam-se sílabas
Palavras
Por vezes
um tímido juízo
quase frase
Mas nada capta o turbilhão de emoções
que no íntimo
se revolve
não há tempo da flor
que encha o poema de beijos
há apenas esta angústia imensa
de captar o indizível
que se levanta em nós
nos esmaga
nos espicaça
nos fere até à medula
Depois ainda insatisfeito de si
fixa-se no branco
semeando de negro a página branca
Nasceu o poema?
Talvez…
Manuel Guimarães
Dia da poesia
Índice
Poema vivo
Poema ardente
Poema em forma de suspiro
Poema que dói e se sente
Poema rasgado
Poema truncado
Poema banido
Poema perdido
Poema em forma de beijo
Poema ponte
Poema e barco à deriva
Poema em busca
Poema porto sem cais
Poema balada
Poema que parte e não volta
Poema de gente livre e de cabelo à solta
Poema e só poema.
terça-feira, março 15, 2005
Uma pedra
Hoje importa colocar esta pedra no sulco do tempo. é urgente levantar entre a fluidez do vento a construção da cidade sobre pedras sólidas as pedras que os homens lavraram em rasgos de fogo e inspirados no raio lúcido do sol essa pedra há-de lembrar-nos a nossa alma arrancada à aspereza da terra e ungida com o signo dos deuses essa pedra dará o toque preciso para alinhar a rectidão dos homens na singeleza do seu cosmos puro e perfeito. |
sábado, março 12, 2005
As caras do governo

O segundo da última fila dos rostos dos ministros é a minha chefe. Bons augúrios para a sua estreia! Que o peso da função não seja superior às suas capacidades e energias.
Pais, alunos, educadores...a sociedade em geral esperam dela o melhor. Que faça um bom lugar, são votos sinceros deste modesto profissional da educação.
Os ministros são como os melões: só depois de provados (postos à prova) é que mostram o que valem. Para desilusões, nos últimos tempos, já tivemos a nossa conta.
sexta-feira, março 11, 2005
Arranja-me um emprego
Arranja-me Um Emprego
Se meto os pés para dentro /a partir de agora /eu meto-os para fora /se dizia o que penso /eu posso estar atento /e pensar para dentro /se queres que seja duro /muito bem eu serei duro /se queres que seja doce /serei doce, ai isso juro /eu quero é ser o tal /e como tal reconhecido /e assim digo-te ao ouvido /arranja-me um emprego.
São pessoas que, para se integrar na sociedade dos anos 80, na guerra pelo emprego e na ascensão social a todo o custo, vão deixando os escrúpulos para trás. Tem muito que ver com aquilo a que se chamaram os yuppies e, nos anos 90, no sentido também político, os boys. Em troca de um emprego, de um lugar, um tipo esquece que já foi esquerdista: «se mandasse neles/os teus trabalhadores seriam uns amores/Greves só das seis e meia às sete/e em frente ao casse-tête». Gente disposta a tudo.
Kamikaze
Rasga-te de encontro às arestas graníticas deste cerco
Estranha-te, criva-te de insultos
Maldiz a hora em que te tornaste
Cidadão cordato cinzento e inócuo
No teu cérebro cresce um grito estrangulado
Um soco brutal contra o estômago
Uma explosão de aço e sangue
Um latido
de ordens silvadas entre dentes enegrecidos
de fumo e nojo.
Deram o sinal
E agora estás aí, face à tua sorte ignara e bruta.
Nem fixas o olhar na doçura dos rostos inocentes,
Alguns apeteces beijar
Mas não!
o latido insistente dos donos das portas do paraíso
Acena-te inflexível
o teu inquestionável destino
Falta apenas esse movimento cego,
Operado em olímpica serenidade,
Convicto de alcançares
Os oásis irreais
Da utopia.
E tu
Embalado ao som dos versículos
De um deus qualquer,
Estilhaças o corpo a alma
a vida.
quinta-feira, março 10, 2005
A prodigiosa presunção de um Homem
Arsene Wenger, Alex Ferguson, e Jose Mourinho morreram
num acidente de avião. Ao chegarem ao céu encontraram
o Criador. Então Deus virou-se para Wenger e
perguntoou-lhe o que mais o preocupava. Wenger
respondeu:"a mim o que mais me preocupa é a terra e a preservação do
ecossistema."
Deus disse:"Gosto da forma como pensas. Vem e senta-te
à minha esquerda".
Seguidamente perguntou a Fergunson o que era mais
importante para ele. Fergusson respondeu:"Para mim o
mais importante são as pessoas e como elas pensam.
"Gosto da forma como pensas. Vem e senta-5te à minha
direita." Depois olha para Mourinho e reparando que
este o olha com ar indignado pergunta-lhe "O que se
passa contigo?"
Mourinho responde:"Acho que estás sentado na minha
cadeira!!!"
(trad. de Inês Botelho).
quarta-feira, março 09, 2005
Tourada na Póvoa de Lanhoso????Porquê????
Tourada é Tortura
O MCP é terminauntemente cuontra a esistência de touradas, taunto as com touros de morte, "à espanhola", como as chamadas "à tradicionale portuguesa". Acreditamos que se trata duma prática cruele de desrespeito pielos animais que deberá sere pura i simplesmente banida.
Qualquer pessoua sensíbel reconhecerá qu'aquilo qu's protagonistas centrais das touradas - o touro i o cabalo - tenhem que suportare na lide só pode sere classificado como tortura!
O sofrimento do cabalo
O cabalo é uma bítima, por bezes ignorada, das touradas. Como tuodos os animais, tamém o cabalo ebita colocare a sua integridade física enhe causa i, por isso, num é de sua libre bontade que se dispoim a enfrentare um touro. O cabalo tem de sere forçado pielo cabaleiro, atrabés de treino intensibo com a ajuda "motibadora" do chicote i das esporas, a aprocimar-se perigosamente do touro, contrariando o seue miedo naturale.
A situaçom de confronto com o touro, além d'embolber um risco reale de ferimento i miesmo de morte, proboca sempre no cabalo uma enorme pressom emocionale i nunca lhe dá prazere.
O sofrimento do touro
O touro começa por sere retirado da bida em liberdade i metido à fuorça enhe apertadas jaulas. Antes da lide i senhe anestesia, som-lhe cortadas as puontas dos cornos enhe zona biba, enerbada i dolorosa, para que se iniba de marrar com biolência. Seguidamente, é-lhe aplicada uma pomada nos olhos para lhe probocare irritaçom diminuindo a concentraçom i a visom. Imediatamente antes d'entrare na arena é agredido com choques por aguilhom elétrico nos testículos, para o fazere irrompere piela ariena aparentaundo sere mais brabio.
Duraunte a lide é probocado, enfurecido, ferido consecutibamente com farpas, cansado até ò esgotamento e, enhe certas localidades da Mouraria como enhe Barrauncos, é finalmente muorto com estocadas, para ilariante júbilo da assistência.
Neste nuobo milénio, como é possíbel qu'ainda se reunam multidoins para assistire entusiasticamente ò sofrimento dum animale metido num bieco senhe saída i senhe qualquere possibilidade de fuga?
Na Mouraria, a tendência atuale parece sere miesmo a d'endurecere ieste espetáculo bárbaro piela reintroduçom do que chamam "corridas integrais", permitindo qu'o touro seija muorto no finale da lide. O MCP lamenta esta regressom cibilizacionale mas, como estom na terra dieles, os mouros que façam o que quiserem. Tamém num se pode esperare demasiado da mourama, num é!? (Mobimento Cíbico Portucalense)
Um amendoim no ouvido
«Um pai "coruja" bebia uma cerveja e via TV na sala, "vigiando" a
filhinha de 15 anos que namorava na varanda.
Quando a "bejeca" começa a fazer efeito, fica sonolento, e com
comichão no ouvido, resolve coçá-lo com um amendoim, até que a casca
do amendoim quebra e o caroço de amendoim fica entalado no ouvido.
O sujeito fica desesperado, começa a tentar tirar o amendoim com o
dedo e empurra-o mais para dentro.
Pega numa tampa de caneta Bic e... merda!
O amendoim entrou ainda mais.
Nisto, o sujeito já em pânico, grita, chamando pela mulher, que veio
a correr e, apavorada, já queria levar o marido b êbado para o
hospital. O "artista" não queria - que chatice!
- "Sou um homem de posição, não posso expor-me ao ridículo", etc.
A filha e o namorado (de 16 anos...) entram na sala para ver o que
estava a acontecer.
A filha diz:
- "Pai, o que é isso? Que vergonha!"
O gaiato (namorado da filha):
- "Calma, que eu resolvo. Quando era escuteiro, eu é que socorria os
amigos!"
O homem, sem outra alternativa, apavorado, e com aquele "puto" a dar
palpites, acabou por aceitar a ajuda.
O catraio mete dois dedos no nariz do marmanjo, e diz:
- "Feche a boca e sopre pelo nariz com bastante força!!!"
E não é que o maldito amendoim saiu do ouvido!
O namoradinho sai todo convencido.
A filha fica toda apaixonada e a mulher, encantada com o
eficientíssimo rapaz, diz ao marido:
- "Vês que jeitoso? Tão calmo, tão controlado nas emergências... O
que será que ele vai ser quando crescer?!?!?!
E o marido, já sem graça, responde:
- "Pelo cheiro dos dedos, ginecologista!!! »
(enviado por Sandra Gonçalves)
Parabéns - Rui
Passados, estes anos fez-se um rapaz que é o orgulho de qualquer pai.
Para ele vão os meus votos de que continue a ser igual a si mesmo e que se supere sempre. E que seja feliz.
São os desejos sentidos de seu pai (babado)
Manuel Sousa
segunda-feira, março 07, 2005
Em Homenagem a ELAS
Esta parábola com certeza que não agradará a todos os que preferem opções «homo». Eu cá por mim fico pela tendência «hétero» e com todo o orgulho nessa opção, embora se saiba que cada vez são menos os que se mantêm fiéis à sua natureza.
Fiquem com a estória:
Existe uma história de simplicidade linda, que eu gostaria de contar.
Uma lenda, um acalanto .......
Não sei se é verdade...e não importo-me com isso.
Não precisa ser.....
Foi há muito tempo atrás...depois do mundo ser criado e da vida completá-lo.
Num dia, numa tarde de céu azul e calor ameno.
Um encontro entre Deus e um de seus incontáveis anjos.
Acredita?
Deus estava sentado, calado. Sob a sombra de um pé de jabuticaba.
Lentamente sem pecado, Deus erguia suas mãos então colhia uma ou outra fruta.
Saboreava sua criação negra e adocicada.
Fechava os olhos e pensava.
Permitia-se um sorriso piedoso.
Mantinha seu olhar complacente.
Foi então que das nuvens um de seus muitos arcanjos desceu e veio em sua direção.
Já ouviu a voz de um anjo?
É como o canto de mil baleias.
É como o pranto de todas as crianças do mundo.
É como o sussurro da brisa.
Ele tinha asas lindas....brancas, imaculadas.
Ajoelhou-se aos pés de Deus e falou.
Senhor...visitei sua criação como pediu.
Fui a todos os cantos.
Estive no sul, no norte.
No leste e oeste.
Vi e fiz parte de todas as coisas.
Observei cada uma de suas crianças humanas.
E por ter visto vim até o Senhor....para tentar entender.
Por quê? Por que cada uma das pessoas sobre a terra tem apenas uma asa?
Nós anjos temos duas... podemos ir até o amor que o Senhor representa sempre que desejarmos.
Podemos voar para a liberdade sempre que quisermos.
Mas os humanos com sua única asa não podem voar.
Não podem voar com apenas uma asa..."
Deus na brandura dos gestos, respondeu pacientemente ao seu anjo.
"Sim...eu sei disso. Sei que fiz os humanos com apenas uma asa..."
Intrigado, com a consciência absoluta de seu Senhor o anjo queria
entender e perguntou.
"Mas por que o Senhor deu aos homens apenas uma asa quando são necessárias duas asas para poder-se voar....para poder-se ser livre?"
Conhecedor que era de todas as respostas, Deus não teve pressa para falar.
Comeu outra jabuticaba, obscura e suave.
Então respondeu...
"Eles podem voar sim meu anjo.
Dei aos humanos apenas uma asa para que eles pudessem voar mais e melhor que Eu ou vocês meus arcanjos....
Para voar, meu amigo, você precisa de suas duas asas...
Embora livre, sempre estará sozinho.
Talvez da mesma maneira que Eu....
Mas os humanos....os humanos com sua única asa precisarão sempre dar as mãos para alguém a fim de terem suas duas asas. Cada um deles tem na verdade
um par de asas.... uma outra asa em algum lugar do mundo que completa o par.
Assim eles aprenderão a respeitarem-se pois ao quebrar a única asa de outra pessoa podem estar acabando com as suas próprias chances de voar.
Assim meu anjo, eles aprenderão a amarverdadeiramente outra pessoa... aprenderam que somente permitindo-se amar eles poderão voar.
Tocando a mão de outra pessoa em um abraço correto e afetuoso eles poderão encontrar a asa que lhes falta... e poderão finalmente voar.
Somente através do amor irão chegar até onde estou...assim como você meu anjo.
E eles nunca....nunca estarão sozinhos quando forem voar."
Deus silenciou em seu sorriso.
O anjo compreendeu o que não precisava ser dito.
E assim sendo, no fim desse conto,espero que um dia você encontre a sua outra asa.
Para finalmente poder voar.
(enviado por Rokatia)