quarta-feira, maio 10, 2006

TLEBS e exames do 12.º ano

Estão aí os exames do 12.º ano e quantos não são os pais, os professores, e sobretudo, os alunos que se questionam sobre a dimensão do efeito da adopção da nova terminologia linguística (TLEBS) neste nível de ensino, assim, duma forma tão taxativa e ao arrepio das aprendizagens até há bem pouco tempo realizadas.
Cconceitos que foram ao longo de nove anos interiorizados, por exemplo ao nível da morfologia e da sintaxe, já tidos como razoavelmente assimilados, são substituídos por termos que, numa lógica de substituição, pouco mais avançam verdadeiramente no estudo língua. Cada escola linguística persiste com as nomenclaturas que mais se ajustam à sua práxis, não havendo um verdadeiro consenso em torno da descrição prática e funcional da língua portuguesa. Assim, cada vez que se tomam os termos novos, por exemplo o de «quantificador» reconhecemos como é quase aleatória a classificação, tendo-se em conta a nossa tradição gramatical, que não deveria ser tão aligeiradamente abandonada.
Será mais funcional para um aluno ter de reformular toda a sua competência de análise linguística (na dimensão sintáctica) ao nível da estrutura e das funções sintácticas da frase, do que, quando se justificasse, colmatar as lacunas que a gramática tradicional apresentasse?
Afinal, não temos um documento base de trabalho que sirva de referência, com uma exposição fácil, não temos uma gramática que veicule de forma sistemática a TLEBS, não temos um corpus de exercícios suficientemente representativo para auxiliar alunos e professores. Exigir em exame que se domine um saber que não é definitivo, nem foi trabalhado a um nível satisfatório, posso dizer com conhecimento de causa, será mais um dos disparates e roçam a fronteira da asneira.
Faltou uma avaliação da implementação da TLEBS, uma fase para reformulações e esclarecimentos, e não foi universal o acesso à formação, da parte dos docentes. Por isso, qualquer resultado será sempre melhor do que a expectativa, porque acredito que vai valer de novo o espírito de sobrevivência do português. Só isso nos salva.

3 comentários:

Amita disse...

E de que maneira, Manuel! Só isso mesmo nos salva. Um bjo

Anónimo disse...

o problema não é a tlebs, o problema é que nós tivemos de ensinar no 12º toda a gramática que os outros não ensinaram.

Anónimo disse...

Tem toda a razão, sou aluna do 12º ano e a TLEBS veio mexer com coisas que já estavam bem presentes, principalmente ao nível de análise sintáctica. Um grande problema é tentarem ensinar algo apoiado em conceitos que já deviam ter sido leccionados e não foram. Além disso complicaram a aprendizagem, mexendo em campos que dificultam um pouco o entendimento, como morfologia por exemplo.

parabens pelo artigo :)