domingo, dezembro 18, 2005

A Formosura desta fresca serra



Numa breve mas gostosa passagem pelo Gerês, nesta amena tarde de domingo, evoquei Camões, que tinha olhos, alma e arte para amar a natureza.


A fermosura desta fresca serra,
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;

o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;

enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos ofrece,
me está (se não te vejo) magoando.

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando
nas mores alegrias, mor tristeza.
Luís de Camões, Lírica.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Gerês nesta altura do ano deve estar um espectáculo!
Os amantes da escrita podem encontrar ali uma musa inspiradora.