sexta-feira, outubro 06, 2006

Num momento de abatimento, com a auto-estima em baixo, com a sensação amarga de ser tapete gasto, à espera de o atrirarem para o lixo, ocorreram-me estes versos de ALVARO DE CAMPOS:

«Abram-me todas as portas!
Por força que hei de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há-de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas essas emoções!
Daqui pra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs,
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida.
O espírito que dá a vida neste momento sou EU! »
(Alvaro de Campos, Saudação a Walt Whitman).

4 comentários:

yora disse...

Pelo que parece os versos adequam-se mesmo ao teu estado de espírito. O melhor quando nos sentimos em baixo, como lixo, é preciso meter essas emoções na gaveta. Talvez um dia seja necessário voltar a abri-la, porque experimentamos as mesmas sensções mais que uma vez na vida.
Gostei de ler o teu espaço.
Se quiseres passa no meu.
um abraço ;)

Manuel disse...

Bem-vindos todos oscolegas de formação que vierem visitar este espaço.

Anónimo disse...

Resto de bom domingo...

Anónimo disse...

Bom fim de semana