Hoje desci os degraus
da escada interminável
e rasgada no solo xistoso
De lado seguras por muros oblíquos
de pedras e lousas
as videiras agarradas à nesga
de húmus generoso
com as parras avermelhadas do sol
ostentam vaidosas os rácimos negros
Ao longe um rancho de povo
vergado
tosquia as cepas
E aquelas veredas
e aqueles socalcos
fartos de mosto
e de suor
de gestos repetidos e duros
fazem para os homens
um néctar divino.
M. Guimarães (2005)
7 comentários:
Como recordo as vindimas, dos meus tempos de criança.
A apanha, o carregar das cestas (jigas) cheias até ao lagar.
Depois em bando, meios desnudos a pisar as uvas em marcha cadenciada para fazer o néctar dos deuses.
Depois bebiamos o vinho doce enquanto estava na fermentação.
Abraço
Mais um ano que vou à vindima na casa do meu avô. É um dia de festa, um dia onde toda a família se reúne não só para trabalhar mas também para festejar o aniversário do meu avô Avelino. E ai de quem não apareça!
No fim da vindima o pessoal ainda passa pelo lagar para pisar as uvas e elas têm que ficar bem pisadinhas senão o sr. Avelino não deixa ninguém ir à "paparoca". Logo é necessário preencher o tempo com anedotas e pequenos debates sobre o Estado da Nação (para não variar).
É um dia bem passado!
Só hoje te descobri.
E que saudades infindas me fizeste sentir dos tempos em que, menina e também moça, participava nas vindimas, aí mesmo, nesse Minho sem par!Os avós partiram, e muita coisa mudou.
Recordar é viver.Fizeste-me viver de novo!
Valeu a pena! Vou visitar-te mais vezes.
Um abraço
Sublimes palavras...
Um sorriso, pelas lembranças que tive ao ler este poema *
Quando era garota, o tempo das vindimas, como o das ceifas, as desfolhadas, era tempo de alegria, de brincadeira inconsequente. Que saudades! Beijo
Trazes-me a grata recordação de outros Setembros de férias e "bendimas", como se diz por cá...
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