Não sei por onde começar.
Há tanto a dizer
Mas sempre que começo
Pareço tropeçar na frase espúria
Na palavra imprópria
Na ideia cruzada e indecisa.
Por vezes
O silêncio vale mil palavras
Outras
O silêncio é a face
Inaudível da mordaça.
Por isso não resisto a tomar a palavra
Com vontade de gritar.
Mas gritar o quê, para quê
Por quê?
Mas contra a barreira de silêncios
Covardes
A palavra faz-se espada
E rasgará
os mantos negros dessa velha e gasta paz.
Irá como uma centelha incendiar
O negro céu da mente
Que verterá dilacerada
Um sangue vivo
E novo.
Porque é preciso
Limpar o trigo
para a alvura do pão.
M. Guimarães (2005)
10 comentários:
"Mas contra a barreira de silêncios
Covardes
A palavra faz-se espada
E rasgará
os mantos negros dessa velha e gasta paz."
Gostei especialmente deste excerto.
Sente-se no intimo, que é necessário um abanão, um puxão de orelhas, um meio drástico para acordar do marasmo a que nos votamos.
A necessidade de mudança é implícita nesta simples frase.
Voltarei...
Abraço do Bufagato
Gostei muito do poema :) *
E como diz a letra da canção que eu adultero aqui "Gritarei até que a voz me doa!" Beijo
Algumas um punhal... outras orvalho apenas...
um poema lindo e um grande grito-depois de ler muitos poemas de gritos chego a conclusão que o poeta é quem mais sente.
http://amcosta.blogs.sapo.pt
Manel é o sistema que temos, tens de te agoentar nas canetas amigo;).
bjs. e Bfs
Bonito poema. Parabéns Manuel.
Visitem o blog http://domingodemanha.blospot.com, está a começar mas promete ser bom.
O poema é muito belo.
Gostei de conhecer o teu blog!
Continua a sorrir...
Correm as faces do silêncio pelo fio das tuas asas de letras clamando aos quatro ventos "Basta!". Um bjo amigo e uma flor
Palavras para quê? Não é por acaso que este poema tem tantos comentários!
Enviar um comentário