Passada a espuma da vitória, é hora das decisões e da acção. Sócrates, os olhos do povo estão voltados para ti. É-te exigida a coragem de tomares as opções certas, sem atender aos jogos e pressões dos grupos de sempre.
O diálogo é necessário, mas esse não pode ser confundido com a tibieza de um passado recente. Que esse estilo frouxo se não repita.
Para isso, todos esperamos que haja clarividência e sentido de responsabilidade. Na escolha das pessoas certas e na disponibilidade dos que realmente amam o seu povo e se prontifiquem para dar o melhor de si mesmos.
Aqueles que ontem te elegeram serão os mesmos que amanhã te pedirão contas. E para bem de todos nós se impõe que não haja erros no percurso, nem que ninguém tenha a tentação de entrar no poder só para dele tirar proveito.
domingo, fevereiro 27, 2005

Nestes dias frios, que saudades de paisagens quentes, à beira-mar, o sol a morrer ao fundo, e saborear o gosto de estar vivo.
Posted by Hello
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Cesário Verde - 150 anos
A melhor maneira de prestar a justa homenagem a Cesário Verde é lê-lo. Porque foge ao roteiro mais comum da abordagem da sua poesia, deixo aqui o poema IMPOSSÍVEL:
IMPOSSÍVEL
Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham com fórmulas legais,
Unir as nossas mãos, eternamente,
As mãos sacerdotais.
Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.
Eu posso, se quiser, cheio de manha,
Sondar, quando vestida, pra dar fé,
A tua camisinha de bretanha,
Ornada de crochet.
Posso sentir-te em fogo, escandescida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de verão.
Eu posso, com valor que nada teme,
Contigo preparar lautos festins,
E ajudar-te a fazer o leite-creme,
E os mélicos pudins.
Eu tudo posso dar-te, tudo, tudo,
Dar-te a vida, o calor, dar-te cognac,
Hinos de amor, vestidos de veludo,
E botas de duraque
E até posso com ar de rei, que o sou!
Dar-te cautelas brancas, minha rola,
Da grande loteria que passou,
Da boa, da espanhola,
Já vês, pois, que podemos viver juntos,
Nos mesmos aposentos confortáveis,
Comer dos mesmos bolos e presuntos,
E rir dos miseráveis.
Nós podemos, nós dois, por nossa sina,
Quando o Sol é mais rúbido e escarlate,
Beber na mesma chávena da China,
O nosso chocolate.
E podemos até, noites amadas!
Dormir juntos dum modo galhofeiro,
Com as nossas cabeças repousadas,
No mesmo travesseiro.
Posso ser teu amigo até à morte,
Sumamente amigo! Mas por lei,
Ligar a minha sorte à tua sorte,
Eu nunca poderei!
Eu posso amar-te como o Dante amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, à igreja, isso não vou,
Lá essa é que eu não caio!
IMPOSSÍVEL
Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham com fórmulas legais,
Unir as nossas mãos, eternamente,
As mãos sacerdotais.
Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.
Eu posso, se quiser, cheio de manha,
Sondar, quando vestida, pra dar fé,
A tua camisinha de bretanha,
Ornada de crochet.
Posso sentir-te em fogo, escandescida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de verão.
Eu posso, com valor que nada teme,
Contigo preparar lautos festins,
E ajudar-te a fazer o leite-creme,
E os mélicos pudins.
Eu tudo posso dar-te, tudo, tudo,
Dar-te a vida, o calor, dar-te cognac,
Hinos de amor, vestidos de veludo,
E botas de duraque
E até posso com ar de rei, que o sou!
Dar-te cautelas brancas, minha rola,
Da grande loteria que passou,
Da boa, da espanhola,
Já vês, pois, que podemos viver juntos,
Nos mesmos aposentos confortáveis,
Comer dos mesmos bolos e presuntos,
E rir dos miseráveis.
Nós podemos, nós dois, por nossa sina,
Quando o Sol é mais rúbido e escarlate,
Beber na mesma chávena da China,
O nosso chocolate.
E podemos até, noites amadas!
Dormir juntos dum modo galhofeiro,
Com as nossas cabeças repousadas,
No mesmo travesseiro.
Posso ser teu amigo até à morte,
Sumamente amigo! Mas por lei,
Ligar a minha sorte à tua sorte,
Eu nunca poderei!
Eu posso amar-te como o Dante amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, à igreja, isso não vou,
Lá essa é que eu não caio!
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
Protocolo de Quioto

O Planeta azul.
A propósito:
Protocolo de Quioto: Portugal deixa data passar ao lado
Na Rádio Renascença: "Entra hoje em vigor, em 141 países, o Protocolo de Quioto. Sete anos depois de o acordo ter sido assinado na cidade japonesa, o dia é assinalado em todo o mundo, mas não em Portugal."
"A Quercus lamenta que o Governo deixe passar a data em branco, encontrando explicação para tal apenas o facto de estarmos em campanha eleitoral. Contudo, os ambientalistas lançam um desafio: que os políticos usem "a entrada em vigor do Protocolo para falarem de um assunto que diz respeito à sociedade, à economia, aos transportes, à construção, às energias renováveis.
Hoje de manhã, a associação ambientalista entregou um agradecimento às 52 embaixadas em Lisboa dos países que ratificaram o documento. Portugal também foi contemplado, apesar do muito trabalho em atraso.
"No último Orçamento de Estado, devíamos ter a alteração do imposto automóvel, de acordo com as emissões de CO2 e de outros factores de poluição do ar", refere Francisco Ferreira, da Quercus, acrescentando que o Governo não pode "dar sinais contraditórios", anunciando a construção de "mais auto-estradas e pontes", que se traduzem em "mais carros para os centros das cidades".
O ambientalista avança, por outro lado, com propostas: "As pessoas podiam descontar no seu IRS os investimentos que façam em energias renováveis".
O Protocolo de Quioto estabelece as primeiras reduções de gases com efeito de estufa até 2008-2012: "O objectivo é difícil, mas tem que se fazer o investimento", considera Francisco Ferreira." (in http://quercus.sensocomum.pt
...
Bush na Europa
G. W. Bush visitou-nos, mas não para nos dar nada. Apenas está interessado em que nós europeus sirvamos mais uma vez de acólitos à sua política imperialista, disfarçando-a de cooperação e de luta contra o terrorismo e pela liberdade.
Entretanto, o que lhe competia fazer, enquanto «guardião-mor» do planeta, não o faz. E era-lhe tão fácil. Bastava:
- impedir que as mutinacionais continuem a arruinar os países onde se instalam;
- impedir que elas fundem os seus lucros em mão de obra infantil e escrava, por esse mundo fora;
- aceitar de vez o Protocolo de Quioto, para ver se ainda é possível salvar alguma coisa do que resta deste maltratado planeta;
- obrigar os sionistas de Israel a reconhecerem o direito dos Palestinianos a uma pátria;
- que a sua administração abandonasse a prática da especulação cambial que impede que a economia europeia cresça.
Entretanto, o que lhe competia fazer, enquanto «guardião-mor» do planeta, não o faz. E era-lhe tão fácil. Bastava:
- impedir que as mutinacionais continuem a arruinar os países onde se instalam;
- impedir que elas fundem os seus lucros em mão de obra infantil e escrava, por esse mundo fora;
- aceitar de vez o Protocolo de Quioto, para ver se ainda é possível salvar alguma coisa do que resta deste maltratado planeta;
- obrigar os sionistas de Israel a reconhecerem o direito dos Palestinianos a uma pátria;
- que a sua administração abandonasse a prática da especulação cambial que impede que a economia europeia cresça.
terça-feira, fevereiro 22, 2005
L'important c'est la rose
Durante os próximos tempos, e condizendo com a opção de voto do autor deste blog, o visual deste blog é o rosa.
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Debate televisivo
Ontem foi pena que durante o debate televisivo na RTP não falhasse a luz por cinco minutos apenas, no estúdio.
Teria sido um fenómeno extraordinário.
Imaginemos que o debate de ideias era subsituído por um debate de «mimos»...
O resultado era bem capaz de ter sido mais interessante.
Não faltariam canelas esfoladas, olhos negros, gargantas arranhadas e alguns cabelos perderiam a compostura do gel e da laca.
Que pena os candidatos não terem simulado umas faltas e agressões enquanto à socapa tentavam atingir o adversário mais próximo.
Diria um:
- isto é pelos 10% que não terei, toma! Leva esta galheta seu radical da m...
- ai tu dizes que nós fugimos e deixamos isto num pântano? Pimba!...No pântano vais ficar tu lavado em lágrimas, seu prematuro da incubadora!
- Acudam, todos me batem!!! Irmã Lúcia valei-me!!! Mas eu não fujo. Atiro-vos já com uns boatos traiçoeiros que até entrais em derrapagem nas sondagens!
- Mas é preciso fazer vencer estas políticas! tenham vergonha ou largo aqui um combate à evasão fiscal que vos esfolo a todos, seus reaccionários...
Do lado de fora ouvia-se um pequeno sussurro: - euuuu....não poooossssso. Falta-me a voz, mas não saio da lutaaaaa...., por isso largo já aqui uns terríveis panfletos anti-maiorias absolutas. E saio de mansinho antes que isto azede...
Voltou a luz e acabou o debate. Polidamente, cumprimentaram-se os quatro sobreviventes e desejaram-se boa sorte.
Mas projectos para tirar o país do atoleiro. Ouvi mezinhas sectoriais que com certeza vão deixar o doente o mirar-se mais ainda...
Teria sido um fenómeno extraordinário.
Imaginemos que o debate de ideias era subsituído por um debate de «mimos»...
O resultado era bem capaz de ter sido mais interessante.
Não faltariam canelas esfoladas, olhos negros, gargantas arranhadas e alguns cabelos perderiam a compostura do gel e da laca.
Que pena os candidatos não terem simulado umas faltas e agressões enquanto à socapa tentavam atingir o adversário mais próximo.
Diria um:
- isto é pelos 10% que não terei, toma! Leva esta galheta seu radical da m...
- ai tu dizes que nós fugimos e deixamos isto num pântano? Pimba!...No pântano vais ficar tu lavado em lágrimas, seu prematuro da incubadora!
- Acudam, todos me batem!!! Irmã Lúcia valei-me!!! Mas eu não fujo. Atiro-vos já com uns boatos traiçoeiros que até entrais em derrapagem nas sondagens!
- Mas é preciso fazer vencer estas políticas! tenham vergonha ou largo aqui um combate à evasão fiscal que vos esfolo a todos, seus reaccionários...
Do lado de fora ouvia-se um pequeno sussurro: - euuuu....não poooossssso. Falta-me a voz, mas não saio da lutaaaaa...., por isso largo já aqui uns terríveis panfletos anti-maiorias absolutas. E saio de mansinho antes que isto azede...
Voltou a luz e acabou o debate. Polidamente, cumprimentaram-se os quatro sobreviventes e desejaram-se boa sorte.
Mas projectos para tirar o país do atoleiro. Ouvi mezinhas sectoriais que com certeza vão deixar o doente o mirar-se mais ainda...
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Humberto Delgado

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Posted by Hello
Fez ontem 40 anos que Humberto Delgado foi assassinado pela PIDE.
O que teria sido de Portugal se nos anos 60 o país se tivesse aberto à mudança democrática a que aspirava o povo mais esclarecido.
É de crer que estaríamos um pouco mais avançados nesta incessante marcha para apanhar o comboio da História.
Dia de S.Valentim
É estranho como a ferocidade do marketing nos impõe usos e costumes que não tínhamos.
Mesmo assim, e concedendo um pouco, deixo aqui a expressão do quanto devo a todas as mulheres que se cruzaram comigo na vida, namoradas ou não, mas todas elas importantes para tornar os meus dias mais doces e felizes. Principalmente à minha companheira de todas das horas, à mãe dos meus filhos fica este gesto de carinho.
Regina, adoro-te!
Mesmo assim, e concedendo um pouco, deixo aqui a expressão do quanto devo a todas as mulheres que se cruzaram comigo na vida, namoradas ou não, mas todas elas importantes para tornar os meus dias mais doces e felizes. Principalmente à minha companheira de todas das horas, à mãe dos meus filhos fica este gesto de carinho.
Regina, adoro-te!
quinta-feira, fevereiro 10, 2005
A campanha em todo o seu esplendor
Preparem-se. Todos os meios serão usados, todos os truques, todas as manigâncias. Tudo será feito até à exaustão, para que nem um voto se perca.
Os golpes baixos, os boatos, os desmentidos, o chorilho das perseguições, as juras e promessas. Nada ficará por experimentar neste tempo agressivo de falácias e de demagogia. O poder a qualquer custo, o poder que ensandece, que fascina e corrói.
Cada vez mais nos fica a sensação de que, apesar dos trinta anos de «democracia», os políticos prosseguem em tratar o povo eleitor como um povo infantil, parolo, sem juízo crítico, facilmente influenciável.
Ainda não será desta vez que teremos uma escolha séria, oportuna e a necessária. Quantos são os políticos que não temem a verdade dos factos? Quantos tomam o problema sério da situação portuguesa e buscam as respostas necessárias, ainda que para isso se exijam sacrifícios?
Uns prometem a distribuição da riqueza para a qual não apontam a fonte. Outros entretêm-se com a representação de seriedade e de competência. Mas projectos sérios, onde estão? Como resolverão o nosso eterno atraso económico e cultural?
Há dias ouvi uma história de espantar. Um cacique local, começou já a preparar os cabazes de mercearia para comprar votos. No Botsuana ou em alguma república das bananas bastará uma garrafa de cachaça.
Afinal, depois de Júlio Dinis e das eleições da Regeneração pouco mais se avançou. Triste fado o nosso.
Os golpes baixos, os boatos, os desmentidos, o chorilho das perseguições, as juras e promessas. Nada ficará por experimentar neste tempo agressivo de falácias e de demagogia. O poder a qualquer custo, o poder que ensandece, que fascina e corrói.
Cada vez mais nos fica a sensação de que, apesar dos trinta anos de «democracia», os políticos prosseguem em tratar o povo eleitor como um povo infantil, parolo, sem juízo crítico, facilmente influenciável.
Ainda não será desta vez que teremos uma escolha séria, oportuna e a necessária. Quantos são os políticos que não temem a verdade dos factos? Quantos tomam o problema sério da situação portuguesa e buscam as respostas necessárias, ainda que para isso se exijam sacrifícios?
Uns prometem a distribuição da riqueza para a qual não apontam a fonte. Outros entretêm-se com a representação de seriedade e de competência. Mas projectos sérios, onde estão? Como resolverão o nosso eterno atraso económico e cultural?
Há dias ouvi uma história de espantar. Um cacique local, começou já a preparar os cabazes de mercearia para comprar votos. No Botsuana ou em alguma república das bananas bastará uma garrafa de cachaça.
Afinal, depois de Júlio Dinis e das eleições da Regeneração pouco mais se avançou. Triste fado o nosso.
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
Coisas que não prevemos
Se no início das férias de Carnaval pensava que teria tempo de organizar este acidentado blog, agora reservo-me o lamento de ter ficado horas a fio a ver como uma máquina nos atraiçoa com vileza, sem piedade.
Assim, nada se fez. Nem tão pouco a correspondência foi possível abrir. Imponderáveis que as máquinas nos impõem.
Assim, nada se fez. Nem tão pouco a correspondência foi possível abrir. Imponderáveis que as máquinas nos impõem.
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
Manutenção
Está a ser difícil entender-me com o «template» e a formatação do blog. Por isso, a quem me visitar as desculpas de um «amador bloguista».
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