Depois da exuberância barroca, de todos os excessos da forma e da empolação de conceitos, é importante retomar o rigor clássico. Assim, por que não recomeçar este ano, nas aulas de literatura, com a máxima arcádica «Inutilia truncat»?
Na vida também é necessário este acto de higiene pública, de limpeza de excessos. Há que libertar o corpo e a alma dos excessos que nos prendem os movimentos. Uma mente embaraçada de peias, de preconceitos, de falácias não julga livremente. No entanto, todos os dias se nos impõem escolhas que se pretendem livres e consequentes.
No discurso dos políticos, em tempo de arraial e bazar demagógico, só nos resta este exercício tão simples e tão necessário: cortar o inútil, ver para além da nuvem de fumo em que se enovelam os protagonistas e bonifrates da nossa opereta triste. Isto, porque se não houver uma nova atitude política, sujeitamo-nos a assistir em náusea a um final trágico-cómico.
Precisamos cada vez mais da nudez da verdade, sem hesitações, e depois reconstruir sobre bases sólidas a nossa vida comunitária a nova «república».
Sem comentários:
Enviar um comentário