segunda-feira, dezembro 17, 2012

A meu pai na eterna ausência


Hoje
vim depositar
a teus pés
este rosário
de coisas insensatas
destiladas de olhos enevoados da dor
da ausência
do nunca mais ser corpo vivo
riso abundante
energia do olhar
pulsar de vontades
fervilhar de sangue

hoje deponho
a teus pés a minha
eterna saudade
de te querer tanto
por te deixar partir
e não te resgatar a tempo
da ferocidade da treva

hoje limito-me
a sentir-te a partida
já cansado
da tua longa e tumultuosa jornada

aqui dobrado sobre o peito
com o rosto castigado da tua perda
adoço as lembranças que sempre me ficarão
da força do teu viver.