terça-feira, setembro 19, 2006

E se de repente fosses o escolhido?


Depois de te terem anulado um estatuto de carreira arduamente negociado, de te ameaçarem com deslocações pelo fim deste nosso mundo português, de te sobrecarregarem com horas de enfado nas escolas, confundidas com berçários para pré-adultos, de te atiçarem com a participação dos pais na tua avaliação, depois de te adiarem a reforma por mais uns longos anos, quando já tudo te pesar, depois de tudo isso: a recompensa: TU PODERÁS SER O PROFESSOR DO ANO.
Oh sabedoria das sabedorias! Oh benesse das benesses, oh vaidade das vaidades.
Nem mais nem menos, assim:
«E este ano o prémio, o óscar para o melhor professor vai para....».
Até as queixadas da burra do antigo testamento casquetaram com a inaudita nova. Bom, não estoirei de riso porque a vontade de rir começa a ser pouca, mas que uma valente gargalhada me mereceu esta peregrina ideia, lá isso não desminto.
Agora, mas a sério: que argumentos, que parâmetros, que fundamentos para fazer essa selecção?
Acham que isso vai trazer alguma qualidade à inqualificável situação que se vive em muitas escolas?
Bem melhor seria começarem duma vez por todas a deixar de parte medidas para enganar «parolos», porque convenhamos, temos assistido com frequência a medidas anunciadas em grande estilo para embasbacar «parolos».
Eu por mim assobio para o lado e vou fazendo figas para que comecem a arrumar a casa, sem reformas ditadas por um qualquer frenesi reformista, sem consistência nem em consonância com ideias sérias sobre educação.